quinta-feira, 22 de abril de 2010

Saímos daqui

Fomos para foguetescontraoinfinito.wordpress.com
Lá é melhor, apesar de alguns de nós não saber direito por que.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Esquizofrenia em The Office




The Office começa primoroso no seu realismo: o tédio das horas que não passam, a atividade sem significado pessoal nenhum, os sonhos, as tensões pessoais, a atenção voltada para as menores e mais simplórias coisas para poder respirar fora do trabalho (um grampo, uma planta, o movimento do logo no descanso de tela). É a empresa e a vida, digamos assim, de uma forma total. E por isso tem esse sucesso de fazer você imergir completamente na Dundler Mifflin, onde os heróis trabalham vendendo papéis, e imergir dentro da vida deles também. Aquelas pessoas existem de verdade, e você provavelmente é uma delas, assim como aquele escritório, que deve ser o seu local de trabalho. Não à toa, o seriado é como um reality show (apesar de também contraditoriamente não o ser!) capaz de enganar os mais distraídos, que estão vendo na verdade uma ficção: tem a câmera sozinha com os personagens, colhendo seus depoimentos; a câmera recebendo seus olhares enquanto fazem qualquer coisa, denunciando a consciência de estarem sendo filmados; e a câmera que filma de longe, escondida, na brecha, sem nenhuma ciência dos protagonistas.

É uma comédia escandalosamente hilariante, boba, besta, mas tem espaço pro choro da recepcionista sem grandes perspectivas que pegou a si mesma no ridículo de dizer que seu sonho era uma casa com varanda, igual a uma que viu quando era criança; pro desabafo do vendedor que não quer mais trabalhar ali, mas que não tem pra onde ir; pras sutilezas da administração de uma paixão reprimida; pro terror que é ter um emprego em uma empresa que anda fazendo cortes; pra falta de pirú da mulher histérica; pro jogo com a autoridade do patrão; pra dança que a filial tem que fazer pra matriz, etc. Me recuso à aceitar que The Office é um mundo só da televisão, que acaba quando ela desliga! Não, aquele escritório, a vida daquelas pessoas, não pára, ele continua. Acho que nenhum outro seriado americano de comédia tem essa força.

Mas o seriado, talvez por conta de ter vários roteiristas, em vários momentos esquizofrenicamente desliza. Às vezes sai dessa atmosfera pra entrar em uma mais tradicional, de universo hermético, artificial, não mais infinito, com os personagens falando com o propósito de fazer rir, com a graça deixando de ser “acidental”, onde eles tem a piada e a encaixam no timing certo, deixando de serem pessoas para serem comediantes. Aí parece que você tá assistindo Friends ou Two and a Half Man ou The Bing Bang Theory, onde você vê claramente a mão do roteirista encaminhando tudo, preparando lá atrás o que vai aparecer na frente. Você continua rindo, mas os personagens já perderam sua confiança. Eles, assim como o seu universo, também passam a ser meio que monocromáticos, unidirecionais, coisa que é mais próxima mesmo desse humor fácil das comédias mais tradicionais, onde você sabe exatamente as regras do jogo, os limites do mundo, o que o cada um dos personagens vai falar, o que vai fazer, a um kilômetro de distância. Eles ficam assim mais próximos da caricatura, uma coisa meio over. Acho que o House (pra tomar como exemplo um seriado que nem é de comédia e, pior, um seriado que eu nem assisto por conta de uma fobia a doenças que eu tenho) sofre um pouco disso. É sempre aquele cara durão, sem papas na língua, arrogante, o reverso do pieguismo...ok, beleza, mas quando uma garotinha a quem ele salvou a vida o abraça e chora agradecida e ele se comporta carrancudo, há pouco de tangível aí. No The Office, os roteiristas às vezes deixam a coisa cair pra esse lado, e eu fico puto com isso, porque foi exatamente por não ter tomado esse caminho que o seriado é tão poderoso, em vários sentidos.

A sexta temporada, com que eu estive preocupado depois da cagada que estavam sendo os rumos narrativos da quinta, seguiu muito bem. Os episódios estão distantes da criatividade e graça dos primeiros momentos da série, mas vê-se que os escritores manteram o pé-no-chão e a proposta que tiveram no começo. Espero que eles, junto com os mil elementos fantasticamente non-sense que são uma diversão só, mantenham a sofisticação responsável por apresentar um retrato sagaz dos EUA, do trabalho sob o capital e de tudo que é humano. E que, longe de introduzirem claques, eles mantenham a crueza, a “espontaneidade” e a verdade da parada.



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Invictus e o Apartheid


“Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
(…)
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul”

- Invictus, William Ernest Henley

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De um lado negros, de outro, os brancos. Por décadas a África do sul sofreu com as leis do Apartheid. Negros eram desconsiderados enquanto cidadãos e para eles era proibido até mesmo freqüentar certas ruas, bairros e interagir com brancos. Ao assistir INVICTUS, novo filme de Clint Eastwood, nós vemos um momento crucial da História do país africano, a libertação de Nelson Mandela e a formação de uma nação unificada.

Os anos anteriores ao fim do Apartheid foram duros e intolerantes. Lembro de histórias absurdas de como dentro do país acreditava-se que existia razão no regime. Meu pai, por exemplo, viajou por aquelas bandas nos anos 80 e, dizia ele, que a qualquer momento um estrangeiro desavisado poderia ser espancado por entrar sem querer em alguma área própria para brancos ou negros. Isso sem contar os indianos que vivem por lá.

O tempo, no entanto, passou. O absurdo foi vencido com muita luta e paciência. Em 1990, o então presidente de Klerk acaba com o Apartheid. Logo após, Nelson Mandela, figura emblemática na luta contra a segregação é liberto e quatro anos mais tarde é eleito presidente da República sulafricana. No entanto, os males do Apartheid não terminaram neste momento. A nação ainda estava dividida. O esforço por uma política e um governo realmente democrático e multiracial estava apenas engatinhando.

É com esse contexto que se desenrola a história de INVICTUS. O Rugby era tradicionalmente um esporte praticado pela elite branca, enquanto o futebol pela população negra das mais variadas etnias. Nelson Mandela via na iminente copa do mundo de Rugby na Africa do Sul em 1995 uma oportunidade de ouro de unir uma nação que sempre caminhou dividida pela intolerância do Apartheid. Ele enxergou uma forma de integrar a elite branca a atual tendência de governo da CNA (Congresso Nacional Africano) e assim procedeu, mesmo que isso fosse um risco para sua imagem como presidente.

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Sob o slogan de um time, uma nação, Mandela traçou sua estratégia de tolerância e política multiracial. No filme de Clint Eastwood isso fica bem nítido. O diretor coloca toda a tensão existente em um governo negro e popular desacreditado por uma elite branca que ainda acredita em sua supremacia racial sobre os negros. O desenrolar da trama coloca a inspiração de Mandela aliada ao espírito de luta e superação dos Springboks, a seleção nacional de Rugby, liderados por seu capitão François Pienaar. O resultado é a vitória da união e da tolerância.

Tecnicamente, o filme comete alguns pequenos erros referentes ao período e ao desenrolar das regras do Rugby. Mas nada que abale a trama. Muito pelo contrário, a história vibrante de como um time de Rugby conseguiu superar-se e verdadeiramente representar uma nação que acima de tudo precisava se unir é comovente. Faz acreditar no poder da tolerância, no poder da união e da democracia como fator agregador para se chegar a uma justiça social.

Neste ano de 2010, nós teremos outra copa do mundo na África do Sul. Desta vez do “esporte dos negros”, o futebol. Se depender dos esforços de Mandela em sua vida e da política de tolerância, o espetáculo promete integrar tanto quanto a ascensão dos Springboks em 1995. Que as cores da África do Sul cada vez mais caminhem para a união e que o Apartheid seja uma vergonhosa cicatriz nos embates humanos a ser lembrada e superada da mesma forma que Mandela fez com os Springboks quinze anos atrás.

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Nelson Mandela cumprimenta o capitão da seleção de Rugby François Pienaar na final da copa do mundo de 1995 na África do Sul.


Juramos solemente não fazer nada de bom!

Somos poucos. A tal invasão nerd à cultura pop, muito evidenciada pelo estrondoso sucesso de séries como TBBT (vai me dizer que você está neste blog e não quer dizer que sigla é esta?) ou filmes como TDK fez parecer que o mundo está mais geek, mais cult. Mas moramos no Hell de Janeiro, e é apenas sair por uma tarde ensolarada aleatória que esbarramos com as multidões de pessoas com músculos inchados e sinapses dormentes; sinopses próprias vazias, dançam e sacolejam ao som de uma música baiana qualquer em ritmo de pegação. Se tem uma coisa boa das micaretas é isso, ela exibe o mundo na nossa frente, acorda-nos do que parece ser o sonho nerd.
Mas nerd que se preze curte (nem que seja um pouquinho) ser minoria, ser cool, ser diferente.

Triunfa o twister, com suas mensagens pequenas, diretas, sintéticas. Por aqui provavelmente veremos o reverso. Se small is beautiful, somos ugly like a capeta. Nossa prolixia, quase um dda com guaraná em pó, red bull e café pilão soviétivo faz com que o título seja enorme. Se procuram por textículos, talvez os encontre por aqui, mas é provável que não. Pretendemos ser sérios (no sentido de bons, não de casmurros), não necessariamente curtos, provavelmente grossos, mas acima de tudo heterogêneos e dispersos e volúveis.

Escreveremos sobre coisas que nos tocam – literatura, quadrinhos, cinema, música e o que mais nos afetar a ponto de criar. Falaremos sobre coisas novas, velhas manias, goteiras e o que mais cair da telha. O que não vai faltar é queda de telhados, de vidro, amianto ou zinco quente, já que somos nós que martelamos.

Esperamos que vocês se incomodem.

Juramos solemente não fazer nada de bom!

Somos poucos. A tal invasão nerd à cultura pop, muito evidenciada pelo estrondoso sucesso de séries como TBBT (vai me dizer que você está neste blog e não quer dizer que sigla é esta?) ou filmes como TDK fez parecer que o mundo está mais geek, mais cult. Mas moramos no Hell de Janeiro, e é apenas sair por uma tarde ensolarada aleatória que esbarramos com as multidões de pessoas com músculos inchados e sinapses dormentes; sinopses próprias vazias, dançam e sacolejam ao som de uma música baiana qualquer em ritmo de pegação. Se tem uma coisa boa das micaretas é isso, ela exibe o mundo na nossa frente, acorda-nos do que parece ser o sonho nerd.
Mas nerd que se preze curte (nem que seja um pouquinho) ser minoria, ser cool, ser diferente.

Triunfa o twister, com suas mensagens pequenas, diretas, sintéticas. Por aqui provavelmente veremos o reverso. Se small is beautiful, somos ugly like a capeta. Nossa prolixia, quase um dda com guaraná em pó, red bull e café pilão soviétivo faz com que o título seja enorme. Se procuram por textículos, talvez os encontre por aqui, mas é provável que não. Pretendemos ser sérios (no sentido de bons, não de casmurros), não necessariamente curtos, provavelmente grossos, mas acima de tudo heterogêneos e dispersos e volúveis.

Escreveremos sobre coisas que nos tocam – literatura, quadrinhos, cinema, música e o que mais nos afetar a ponto de criar. Falaremos sobre coisas novas, velhas manias, goteiras e o que mais cair da telha. O que não vai faltar é queda de telhados, de vidro, amianto ou zinco quente, já que somos nós que martelamos.

Esperamos que vocês se incomodem.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

LOS PIRATA!!!!

AaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!